20 de novembro de 2015

(Re) Começos


Seu casaco encaixou perfeitamente no meu corpo desengonçado, como sempre
Nada mais me opunha,
O cabelo embaralhado,
O cheiro de suor misturado com desejo
E o cigarro que me veio à boca, junto com a vodka e o limão - adocicados,
Enquanto ouvia lá no fundo, Johnny Hooker cantarolar verdades de uma dor que ninguém teria coragem de falar igual
Decorei cada canto daquele castelo, relembrei das pedras que ajudei a carregar
A vida é mesmo uma caixinha de surpresas,
mas dessa vez, o coração já estava jogado no chão, sem força de tanto apanhar
Era só mais uma vez, e eu já sentia, e estava consciente de que nem só de sonho se vive o homem
É claro que você precisa ter no que acreditar, mas meu caro, não deixe de acreditar também no que a vida te estampa na cara
Teimosia demais é prejudicial à sua saúde, ou seria a paixão?
A realidade é uma invasão da sobriedade, no meio do caos poético que insistimos em criar
As lágrimas não descem mais, e a dor, ainda que bata, não dói
A gente continua caminhando como se o mundo inteiro fosse nos dar uma resposta
Mas quem foi que disse que existe resposta pra tudo?
Existem PERGUNTAS, respostas já é demais
Mania de jornalista.... Mania de querer entender o mundo
Mas o mundo é feito pra sentir, meu bem, sinta!
Sinta tudo, até os sentimentos que parecem ruins...
A gente precisa mesmo de um pouco mais de humanidade!
E ainda aqui, assim, tendo o céu pela última vez como meu telhado, eu vi uma estrela cadente, e só consegui me despedir
Não há mais pedidos, só quero não perder a minha fé
E eu não perdi. Descobrir-me tem sido um desafio delicioso
De tudo que se passou, aprendi uma grande lição: Não deixe de ser verdadeiro consigo mesmo.
Sinta, pense, diga, grite, faça, queira, seja você!
De nada vale à vida se você a leva sem saber quem você é, ou sem ser sincero com você mesmo
Que os amores, as dores, o sexo, a paixão, as risadas, os medos, e todos os outros sentimentos, nos façam corajosos, para encarar ainda o que vem pela frente.
Porque vem muita coisa ainda por ai.
E assim, com esse mantra grudado na minha mente, eu me despeço de uma parte do que fui, e aceito a alegria de me reconstruir, com novas flores, desenhos, escritos e amores.
Pode vir.