30 de abril de 2011


E ler, ler é alimento de quem escreve. Várias vezes você me disse que não conseguia mais ler. Que não gostava mais de ler. Se não gostar de ler, como vai gostar de escrever? Ou escreva então para destruir o texto, mas alimente-se. Fartamente. Depois vomite. Pra mim, e isso pode ser muito pessoal, escrever é enfiar um dedo na garganta. Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma. Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta. E eu acho — e posso estar enganado — que é isso que você não tá conseguindo fazer. Como é que é? Vai ficar com essa náusea seca a vida toda? E não fique esperando que alguém faça isso por você. Ocê sabe, na hora do porre brabo, não há nenhum dedo alheio disposto a entrar na garganta da gente.            
                                                                       (Caio Fernando de Abreu)

28 de abril de 2011

Amor à primeira vista



Curiosidade, saber, imagem, querer
Tomar iniciativa, falar, falar, falar.

Gostar, querer saber mais, e deixar rolar
Vergonha iminente, faladas ao telefone animadas.
Frases cheias de segundas intenções boas, sorriso estranho no rosto
Sem disfarce
Querer conhecer de perto, marcar, frio na barriga, receio
Esperar, frio na barriga, ver de perto, frio na barriga de novo
Tocar, abraçar, sentir o cheiro e se embriagar
Olhar os olhos e ver a alma, sentir algo maior que a si e se entregar
Um beijo demorado pra sair, um carro andando por aí
Coração disparado, sorriso no rosto, e se decidir.
Não há mais nada que se queira, além do outro
Prosseguir, se permitir, sentir
Paixão, carinho, saudade, medo, vontade, planos, futuro e presente,
Amor.

17 de abril de 2011

Eu vou



Eu vou, nem sei se vou voltar
Estava tudo tão certo, preenchido, escrito...
Parece que a vida tem mania de esbarrar na gente justamente quando estamos fazendo aquele nosso desenho mais bonito
E aí nem tudo é como a gente espera que seja, ou o sentimento não vem como deveria vir
Dá medo, frio na barriga e a gente fica sem saber qual será o próximo passo
Desculpe, não irá entender
Nem você, nem o mundo
Mas eu vou, talvez o meu objetivo esteja longe de nós

13 de abril de 2011

Embriaguez


Eu acho que estou embriagada! Talvez seja por causa do seu cheiro que grudou na minha pele e está aqui me atormentando, ou talvez seja pelo seu sorriso que é o mais encantado que eu já vi e que me convida a te beijar e não parar mais, ou talvez seja mesmo pelos teus beijos que me deixam louca de amor e de vontade de ter você ainda mais perto, ou talvez pelas suas mãos que teimam em tocar meu pescoço e que de tanto eu implorar que não me renda assim passeiam por aí, ou talvez seja por causa daquela mesma rua "escura" em frente àquele salão que foi o nosso primeiro padrinho de amor, ou talvez seja por sua causa somente. O conjunto de você me deixa assim, como se estivesse em um outro mundo, sorrindo à toa e achando que a vida é ainda mais bonita do que ela é. Você derreteu aquele gelo todo e fez meu coração me aquecer de novo. Quem diria! E você meu amor, é a pessoa que eu quero estar agora e depois. Se isso não for amor, não sei o que é...

11 de abril de 2011

L.I.B.E.R.D.A.D.E


Antes eu tinha medo de altura,
mas hoje voar me parece tão mais interessante!

Antes eu tinha medo de ser diferente,
hoje eu não quero é ser normal!

Antes eu tinha medo de falar dos sentimentos,
hoje eu os vivo intensamente.
Antes eu ouvia e acatava,
hoje eu me atrevo a falar, a mudar
Antes eu sonhava com um futuro bom,
hoje eu sou feliz com as minhas pequenas grandes coisas
Antes eu pensava no que queria ser,
hoje eu sou

Jéssica Trabuco 

9 de abril de 2011

O amor, por serenata de amor

Eu parei para pensar no amor. É as vezes eu tenho uma dessas de querer entender aquilo que quase ninguém sabe explicar. E nessa minha vontade de tentar entender, eu me peguei pensando em tanta gente que muda quando está com alguém. Sabe como é? A pessoa é uma em casa, mas na frente do seu amado é uma pessoa totalmente diferente. Dizem que quando se gosta de alguém a gente faz de tudo para que aquela pessoa goste da gente também, eu tenho lá minhas dúvidas sobre essa teoria, mas ela que me fez lembrar de uma propaganda muito bacana: a do serenata de amor. Essa propaganda fala justamente disso, quando nos apaixonamos criamos uma projeção perfeita do outro.
Por que temos mania de querer o perfeito do nosso lado? Eu acho isso tudo de ser perfeito um saco. E acredito que o amor está bem longe disso de perfeição.
Amar algo perfeito é muito fácil, e qualquer um pode fazer. Mas o amor de verdade está presente quando se sabe dos defeitos e se aprende a gostar deles também. Aquela mania chata de estalar os dedos, o time do coração que é rival do seu, ou até aquela teimosia persistente que por vezes te tira a paciência! Se ainda assim, com esses e outros defeitos você olha para o seu (sua) parceiro (a) com aquela cara de bobo e o sorriso simplesmente aparece no seu rosto, acredite meu caro, você ama.
Como diz a propaganda, as projeções um dia acabam, mas 'se o que ficou for suficiente para os dois, o amor perdura'.
'O amor é inexplicável' mesmo!
E sorte minha não precisar ser perfeito para se amar.



"Segundo alguns psicanalistas, quando se apaixona, você não se relaciona com alguém de carne e osso mas com uma projeção criada por você mesmo. E a projeção que fazemos é de um ser absolutamente perfeito. Mas depois de um período a projeção acaba e você passa a enxergar de verdade a pessoa com quem voce está se relacionando, e variavelmente algumas virtudes do parceiro e da parceira vão embora junto com a projeção, outras ficam. E se o que ficou de cada um for suficiente para os dois a relação perdura, caso contrário...
Ninguém sabe o que faz o botãozinho ligar e iniciar uma nova projeção, mas fortes indícios apotam para um único e delicioso suspeito: o serenata de amor.
O amor é inexplicável, mas tem umas coisas que você pode entender."

7 de abril de 2011

Madrugada

Fico zonza, deito, choro, me desespero, sinto sono, medo, levanto de novo, quase caio.
Faço um café forte e tomo de vez. Dizem que o café reanima o corpo, espero que reanime junto a minha alma. É ela que precisa de uma sacudida agora.
A televisão me deixa com náuseas, o que aconteceu com o bom gosto do brasileiro? Desligo.
Dom Casmurro está logo ao meu lado, abro e me deparo com  uma frase marcada pelo hidrocor amarelo: A vida é uma ópera.
Sorriu em silêncio e balanço a cabeça negativamente.
"Está na hora de mudar o tema das minhas melodias", pensei. Cansei do drama, quero agora ouvir as músicas da moda, as mais altas e coloridas que existam, happy rock, não é assim? Talvez o barulho me ensurdeça de tudo.
Ligo o computador, checo os emails (nada novo), abro minhas redes sociais e tudo está como eu havia deixado. Escrevo alguns versos sem sentido no tumblr e canso da luminosidade da tela do meu amigo metálico.
Acendo meu cigarro. Eu sei que iria parar, prometi a mim mesmo. Mas essa aflição não me deixa, e sei que depois da primeira tragada tudo se acalma, apazigua.
Uma mesa, o cigarro acabado, minha caneca de café e o tic-tac do relógio de parede na minha cozinha.
Achei que a madrugada passasse mais rápido. Mas não, ela insisti em me acompanhar.

5 de abril de 2011

Eu estava me descobrindo. Era uma menina com vontades que me condenavam. Não, não. Não eram bem as vontades que me condenavam, mas a sociedade, por achar tanta estranhisse nelas a apontavam e chamava-as de erradas.
Vai entender esse mundo, aquilo que aparece de forma diferente da "normal" é ruim, é algo que se deve desprezar. Agora me diz, quem foi que inventou esse absurdo?
Lá estava eu com essas dúvidas sociais, inúteis, na cabeça enquanto meu coração pulava aceleradamente como se fosse sair correndo em uma maratona. Era só olhar aqueles olhos que eu, a menina que sempre tinha palavras à dizer, me calava. Era só passar por perto daquela criatura, que me parecia ser mágica, que eu, a menina que com todos falava e abraçava, ficava sem ação, sem o que fazer, sem nem o que pensar.
E era tão puro aquele sentimento, e num dia, parece que tudo se tornou ainda maior. Era uma sala enorme (e empoeirada) de ginástica, um dia chuvoso, eu estava um ano mais velha e um trabalho colegial qualquer me fez passar um dia no colégio. Mas não era por causa do trabalho, em si, que eu tinha ficado. Era por ela: a criatura mágica. E foi justamente ela a causa de todo o acontecimento. Passamos a tarde deitadas em uma espécie de colchonete, eu no seu colo e ela, não me lembro. Nossas mãos brincavam feito duas crianças que brincam de pega-pega, nossos olhos concentrados em nós mesmas, e os sorrisos vinham tímidos, mostrando que havia algo mais que amizade naquilo tudo. Dias se passaram e em meio àquela confusão de vontades eu descobri o amor, e o que pode ser mais forte que ele hoje em dia?
E foi em um dia qualquer, que meu coração e minha alma não aguentaram mais de tanto sentimento e como num susto me fez saborear, debaixo de uma escada qualquer, à vista de qualquer um que passasse, o mais gostoso sabor que existe: o de encostar nos lábios da pessoa que te faz feliz só por aparecer diante dos seus olhos. E depois de tal cena, digna dos mais belos filmes de amor, o que percebo hoje é que aconteceu exatamente como aqueles versos de Machaddo de Assis:

"Às vezes dava por mim, sorrindo, um ar de riso de satisfação, que desmentia a abominação do meu pecado"
(Dom Casmurro - Machado de Assis; página 27)

Qual é o pecado que existe onde se prevalece o amor? Ao meu ver, pecado algum.





1 de abril de 2011

Dia 21


Não imaginei que seria assim.
Estava há séculos pedindo aos céus alguém que estivesse comigo, mas nunca pensei que você chegaria assim: DO NADA.
E é TÃO BOM estar com você.
Seu cheiro, seu toque, seu sorriso lindo, seus olhos concentrados em mim, seu jeito bobo (como você sempre me diz), nossas mãos juntas brincando de pega-pega.
Lembra da primeira vez? Algo tão simples, tão cotidiano, se tornou como um conto de fadas pra mim. Domingo-13, dia com meu número da sorte, a chuva vinha e voltava, você estar perto do nada, beijú, um carro e uma rua qualquer. Ficamos discutindo se aquela casa ao lado era de Ballet ou se era algo com Beleza. Algo que estava ali na nossa frente mas que falávamos só para disfarçar, sabíamos que a nossa vontade era poder finalmente juntar nossos lábios em um só e poder descobrir o sabor daquilo tudo. E assim foi.
E hoje me vejo pensando em você sentindo um misto de coisas. Uma saudade enorme e uma vontade sem tamanho de te ter por perto, SEMPRE.
Sabe como é? Aquilo é tão bom que a gente tem vontade de colocar dentro daquele nosso potinho colorido e levar para todo canto. Deixar sempre por perto, porque se a gente não acreditar que aquilo existe, de tão bom que é, é só abrir o potinho.
Não sei explicar direito, mas há algo em seus olhos que me diz que seremos muito felizes. Algo que me diz que é o caminho certo. E eu vou seguir… até que isso tudo possa se tornar ainda maior e já não caiba mais em mim.
Não acho nada de mal em ser feliz… e é isso que você está me causando: FELICIDADE.
É que você me faz querer nunca sair de perto dos seus olhos, nunca deixar as suas mãos.
Ainda não sei bem o que é isso tudo, ou como se chama… mas acho que sei no que pode transformar. E quer saber? É justamente para que isso aconteça que estou torcendo.




(lembra?)