27 de dezembro de 2011

#Conto

Cozinhar não é o meu forte


Terça-feira, dia comum, nada de diferente. Acordei para começar a escrever. Esse é o meu trabalho. Hoje mais do que nunca acredito que se existe algo que eu saiba fazer no mundo, é somente escrever. Não que eu escreva bem, mas sim porque eu escrevo por todo e qualquer motivo, e até quando não há motivo. Eu escrevo e escrevo, sem parar. As vezes é meio louco. 

Só que hoje, para a minha preocupação, o amor da minha vida acordou 'dodoi'. Sabe como é ouvir a pessoa que a gente ama gemendo de dor, com aquela carinha de cachorrinho sem dono, pedindo cuidados e carinhos? Pois então. Foi bem assim. E em meio aos dengos do meu amor, reparei que já era quase meio dia e eu precisava providenciar algo para ele comer. Seria normal para qualquer casal isso, se não fosse pelo nosso acordo onde arrumação de casa era comigo e cozinha com ele.Eu não sou lá muito boa de cozinha, e ao contrário de mim ele é ótimo com isso. Tanto que ganhei uns quilinhos a mais desde que a gente casou.
Pensei uns instantes sozinha, e vi que não tinha jeito. Eu tinha que assumir a cozinha hoje. Corri para o mercado para comprar algumas coisas, fui na feirinha e voltei como se meu braço fosse soltar do lugar de tanto peso que estava carregando. Em meio a minha ida ao mercado, meu amor me mandou uma mensagem tão linda que eu só conseguir fazer aquele som emitido por toda mulher apaixonada: "Owwwn". E é claro, meus olhos brilharam. Voltei para casa, e parecia que o sol tinha derretido metade de mim. Tomei um banho para refrescar e logo depois deixei de enrolação e fui encarar a cozinha. Macarrão, purê de batatas, frango grelhado e salada de alface. Esse era o meu 'menu', e não parecia ser tão difícil de fazer. Fui descascar as batatas, parei, coloquei a água do macarrão no fogo, continuei descascando a batata, coloquei ela no fogo, coloquei o macarrão na água, fui cortar o tempero, passei o garfo no macarrão (para não grudar), coloquei margarina na frigideira, verifiquei se a batata estava mole, fiz o molho do macarrão,  conferir de novo a batata, escorri o macarrão, coloquei de volta na panela e misturei com o molho, fiz a salada de alface, escorri a batata/amassei/coloquei.margarina.leite/pûs.no.fogo, fritei o frango. Pronto. Fiz a comida. Fui experimentar o macarrão e parecia meio "unidos-venceremos", provei, não gostei, me desesperei. O frango parecia mais escuro do que deveria ser, e o purê parecia meio sem sal - ai coloquei queijo relado... Pronto!

Cheguei ao quarto meio cabisbaixa, confesso que até tinham lágrimas nos meus olhos, falei ao meu amor que a comida estava pronta, mas que eu achava melhor a gente pedir uma pizza ou qualquer outra coisa do tipo. Ele se levantou da cama e foi para a cozinha. Eu cai na cama e me escondi debaixo do travesseiro. Deu para ouvir suas gargalhadas, ri também. Continuei escondida, e de repente ele chegou, com o prato cheio, digno de um pedreiro. Mandou eu deixar de ser besta. Eu me desculpei pela merda que fiz, disse que fazia tudo errado e comecei aquele dramalhão todo de uma típica canceriana. Ele comeu com gosto, disse que estava gostoso e me mandou comer, antes que ele comesse tudo. Fiquei curiosa, achei estranho. Vi queijo ralado jogado no macarrão do seu prato. Ele continuou comendo. Depois parou, deitou metade de si em cima de mim e agradeceu, disse que ficou super feliz de me ver cozinhando para ele, e ainda disse que cuido dele direito. Me beijou. Eu estremeci, gelei por dentro. É incrível como isso ainda acontece depois de tanto tempo. Amor com uma paixão constante é a coisa mais gostosa que há. Fui comer, e até que a comida não parecia muito mal mesmo. Descansei um pouco depois do almoço e fui arrumar a zona que eu tinha deixado na cozinha. 
Escureceu, e eu e o meu amor estávamos deitados no nosso tapete novo assistindo Tv. Do nada meu amor perguntou para mim o que eu tinha feito com o resto do macarrão. "Eu guardei". Em meio a isso, ele soltou uma gargalhada que foi até gostosa, mas me deixou sem entender. "Quem vai comer aquela coisa horrível-grudada-cheia.de.extrato-vermelha?" Eu emudeci por um segundo e fiz cara de choro. "Mas você disse que a comida estava gostosa!" Ele riu ainda mais. "Você estava quase chorando amor, eu ia dizer o quê? Tadinha de você, quando eu vi a zona que estava a cozinha eu não consegui te dizer que estava ruim. Vi que se esforçou. Então pedi força aos céus, enchi o prato, e empurrei a comida 'guela' à dentro" Eu ri, não consegui controlar. "Mas você disse que estava gostoso amor! Poxa, poxa...". Subi em cima dele e comecei a lhe fazer cócegas. "Disse porque eu te amo, ta?" Ri de novo mas fiquei meio boba também. Ele continuou: " E sabe, eu cheguei a uma conclusão". "Qual?". "Você nunca cozinhou na vida!". Gargalhou me dando a língua e me beijou como consolo. 
Cozinhar, não mais. Meu negócio são as letras!

4 comentários:

Jeh Pagliai disse...

Olá :)

Ahhh, já eu AMO COZINHAR!
E ao mesmo tempo, AMO AS LETRAS, tanto lidas quanto escritas, hehehe

Beijinhos

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www.jehjeh.com

Isis Purificação disse...

Quem ama até comida ruim come e pede mais! hahahahah

Gostei!!

Wilian Bincoleto Wenzel disse...

O que me chamou a atenção mesmo foi a descrição do dia desse casal. Muito bem descrito. Parabéns!

Não sei se essa personagem é uma pseudo-você ou se realmente você quis se descrever nela, mas continue escrevendo e nunca, nunca pare de tentar cozinhar. Pois se um dia você cozinhar metade do que você escreve, já estará fazendo uma deliciosa comida.

Obrigado pela visita ao In.diferentee, Jéssica.
Fique bem.

Yfrends disse...

oii linda .. com relação a parceria pode ser por link mesmo .. vou colocar o seu no meu blog agora!