10 de agosto de 2009

O fusquinha branco



Era um dia igual a qualquer outro, a não ser pelo fato de ser um domingo.
Nada de trabalho, nada de preocupação.
Os domingos tem cores e cheiros diferentes de qualquer dia.
São cores azuis e verdes, tranquilidade e calma.
Cheiros de liberdade, de paz!
Também me dizem que é dia de praia.
Mas nesse domingo eu estava me sentindo estranha.
Era pelo único e grande fato de eu ainda não ter consertado um dos meus farois trazeiros que estava com um furinho, porque um garotinho achou de jogar a bicicleta dele em cima do meu carro.
Fiquei a pensar trezentas vezes se deveria ir ou não a minha amada praia. Andei de um lado para o outro do meu quarto.
-"Devo ou não devo?".
Fui, mas morrendo de vergonha.
A cada sinaleira que parava parecia que todos olhavam e riam daquele pequeno furinho no meu farol trazeiro.
Pois é, era um PEQUENO furinho, mas só vim a reparar isso em um dos vinte sinais que passei.
Mais uma vez, estava morrendo de vergonha quando parei nesse tal sinal, só que de repente ouvi um barulho de motor:"Só pode ser um motor de fusca" disse eu rindo.
E não é que era mesmo?
Logo o fusquinha branco parou ao meu lado, não era o dos piores, mas percebia a sua idade.
No lado de dentro dele tinha um jovem, cabelos encaracolados pretos jogados no rosto e um óculos estilo haiban.
Ele estava sorrindo com um ou dois colegas que estavam dentro do pequeno fusquinha.
Estavam cantando, brincando... E de repente olharam para o meu carro, fizeram um sinal de legal com as mãos.
O de cabelo encaracolado sorriu sereno e continuaram cantando assim que o sinal abriu.
Foi aí que percebi o quão fútil eu era.

(Jéssica Trabuco)


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