24 de janeiro de 2011

O cemitério de carros


Eu preciso te contar um segredo, é algo sobre mim. E olha que eu não costumo falar sobre mim assim com alguém que eu não conheço.
É que do nada, em um dia que parecia ser como todos os outros, eu abri a janela e olhei lá fora no quintal e o dia parecia tão lindo!
Eu passara semanas e mais semanas chorando por conta das feridas que deixaram no meu coração, achei que não haveria outro jeito. Mas naquele momento, eu quis que o meu dia não fosse mais um daqueles em que passei em cima daquela maldita cama com tudo fechado, olhando para o nada e contando o tic tac do relógio a cada segundo.
Quis voar.
É eu sei que é loucura, ninguém pode voar. Mas era o que eu queria. Queria me sentir livre e viva ao mesmo tempo.
Aumentei o som com aquele meu cd favorito, entrei na banheira e senti a paz que alguém no universo queria me transmitir. Nada como um banho demorado!
Escolhi aquele meu velho e companheiro jeans e um salto vermelho que eu adorava e só usava em ocasiões especiais.
Fui a minha garagem e lá encontrei a minha amiga que passeava comigo por aí quando eu era uma criança, e foi nela que eu quis correr por aí: a minha bicicleta.
Já esteve alguma vez pedalando uma bicicleta sobre campos lindos sem as mãos? Sabe qual é a sensação?!
É a melhor sensação do mundo!
Aquele vento tocando meu rosto junto com o calor do sol me ofereciam uma vida muito mais magnífica do que a que eu tinha levado por tanto tempo.
Como é que a gente não repara nessas coisas normalmente, e precisa que algo ruim aconteça pra dar valor?
Ah! Eu estava feliz como nunca antes e para completar queria ir a um lugar que era o meu favorito desde pequena.
O cemitério de carros!
Eu ia sempre com o meu pai lá, a gente entrava nos carros e ele inventava mil histórias. Nós conhecemos o mundo todo sem sair de lá. E um daqueles carros era o meu favorito, o fusquinha rosa.
Lembro-me como hoje, meu pai disse que iríamos para o Hawaí, e me mandou escolher o carro que dirigiria até chegar lá. Entrei no fusquinha e "dirigi" por uma hora no meio de mundos encantados até chegar lá e ficar vislumbrada com aquelas ondas enormes. Imaginava eu que daria para atravessar os oceanos por um carro. Ah infância!
Sentei diante do meu carro e fiquei ali aproveitando um pouco mais daquele dia que tinha me convidado a sair com ele pelo meu passado e pela felicidade que sempre esteve comigo.
É, aquela era sim uma ocasião especial.
Pareço boba pra você? Hum... eu sou é feliz.

13 comentários:

Julianit disse...

Que post lindo, belo conto.
Isso sim é conseguir criar um texto com uma foto.. kspoakspoaksopa'
Gostei :D


e sim, amor é MUITA liberdade.. é total liberdade.
thanks por comentar no A.I
beijos,
Julianit.

Thai Nascimento disse...

A felicidade vez em quando é sinônimo de loucura também, porque só os loucos conseguem ver coisas boas além das tristezas do dia-a-dia.

Deixar a cama no quarto escuro pode ser um bom começo pra isso.

*

Inercya disse...

Eita, cimetério de carros haha
Eu sempre passo por cima de um :P
Achei bem fofinha a história. E boba? Claro que não. É mesmo felicidade :D
;**

Unknown disse...

Todos nós ficamos bobos quando estamos felizes. Outro dia um amigo meu tava falando comigo sobre o "ver tudo mais colorido" quando se está feliz. Acredita que tem estudo científico provando isso? Huhu.

http://thaisacorrea.com/b/

Vai de Táxi! disse...

Gostei. =D

faço da thais as minhas palavras. "Todos nós ficamos bobos quando estamos felizes."

Valeu Jessica.

To seguindo aqui.
Beijos

Lê Fernands disse...

show.

já disse montenegro:

"quem não ouve a música, acha maluco quem dança".


bjs meus

Unknown disse...

Hiii! Finalmente apareci por aqui né? Ando meio ocupada ultimamente, não ta dando tempo de visitar os blogs. Adoro seus comentários viiu!

Aah, e vi que vc gosta de escrever contos né? Adorei esse, dá aquele sensaçãozinha de liberdade e saudade ao mesmo tempo! Vc escreve muito bem!
beeijão viu :*

Bruna Brasil disse...

Não achei que você parece boba.. Apesar que felicidade às vezes é isso né: uma bobagem boa, que só algumas pessoas entendem. Gosto de ser boba assim :D

Maria Midlej disse...

hahaha me fez sorrir!
kkk adorei.
principalmente do final ''pareço boba? sou feliz..''
UHAHHAHAHAHA
amei!

Larissa Lins disse...

Você criou esse conto baseada na foto? Não me diga, estou encantada. Não sei, não sei... por algum motivo (além do óbvio de ser um ótimo texto) sua história me encantou hoje. Me deu vontade de voar numa bicicleta também, e talvez porque eu conheça a sensação de REcomeçar e tornar um dia comum uma data especial apenas para mim mesma, talvez por isso, não sei... foi incrível, te agradeço.

Thai Nascimento disse...

Ontem te indiquei um selo, está lá no blog.

Thai Nascimento disse...

Ontem te indiquei um selo, está lá no blog.

Catita disse...

Nada como um momento de meditação, viajar nos pensamentos ir a qualquer parte sem sair do lugar.
É maravilhoso...
Muito criativa você. Isso mostra que é uma pessoa sensível e especial.
É verdade! Poucos tem esse talento.
Estou apreciando os seus textos.