14 de setembro de 2011

E o professor o que é? O verdeiro herói!


Nesta semana encontrei uma professora de escola pública. Ela parecia meio cansada, desanimada. Aos poucos começou a falar sobre a sua longa estrada na educação, 29 anos como educadora. Muitas lutas. Foi aí que confessou o cansaço, disse ser difícil nadar contra a maré. Estava por desistir de tentar ser diferente no meio de tanto educador desvalorizado que se deixava levar pela onda de empatia e "tanto faz".
Eu compreendo que deve ser difícil demais tentar dar o seu melhor quando o sistema te empurra a ser qualquer um, a não fazer diferença. A educação no nosso país está em sérios riscos, já faz tempo. Todo mundo sabe, todo mundo vê, mas nada é feito para mudar. Acredito eu que, para um país cheio de corrupção e malandros que querem se dar bem, o povo ser educado corretamente é um perigo. Claro, com a educação de qualidade vem também a crítica, o questionar, o saber os seus direitos e ir às ruas gritar por isso. Então é muito melhor para os "chefões" da sociedade que o povo continue passivo, que não se meta muito nos seus planos, que seja ignorante. Com isso não se tem valorização da escola pública, reconhecimento e condições de trabalho para o educador... E vira um ciclo forte e interrupto de falta de estrutura, professores desanimados, alunos desinteressados, cidadãos que não sabem o seu papel na sociedade, qualquer um no governo e o nosso dinheiro suado sendo roubado.
Mas eu me lembro sempre de algumas professoras que tive. Essas lutavam com as próprias mãos contra esse sistema imundo. Uma delas dizia sempre em sala de aula que o objetivo dela era fazer de nós alunos, cidadãos  ativos, críticos, vivos. Lutou contra colegas que queriam ficar no comodismo, lutou contra a falta de estrutura, arregaçou as próprias mangas pela melhoria do colégio em que trabalhava, chorou, pensou em desistir, mas percebeu que já tinha mexido com muitos de nós, e quando ela quis voltar, estávamos lá do lado dela e ela continuou.
Esse pequeno grupo de professoras que tive mudou a minha vida. Comecei a ver o mundo com os olhos de um questionador, comecei a indagar muitas coisas e comecei a fazer primeiro o que eu queria que os outros fizessem. Elas me fizeram lutar, mesmo que com palavras, por uma sociedade mais justa. Assim como esse grupo, sei que muitos outros educadores estão ai lutando no seu dia a dia pela diferença. E é um absurdo pessoas tão corajosas, tão inteligentes, tão cheias de vontades, os pais de todas as outras profissões, serem tão mal remunerados e tão pouco reconhecidos. É uma pena.
Enquanto todos nós não conseguimos mudar essa situação, peço encarecidamente a todos os educadores de escolas estaduais e municipais: não desistam. No meio de tanta dificuldade, tenham certeza que vocês já fizeram e continuam fazendo a diferença na vida de muita gente. Assim como fizeram na minha.
Coragem guerreiros, a sociedade precisa de vocês.

4 comentários:

Daninha disse...

Não é fácil ser educador nos tempos de hoje, vivemos em uma geração onde o governo pouco se importa com a educação e onde alunos já não valorizam e não se empenham na vida escolar, sendo assim qualquer professor desanima.
Beijos (:

Anônimo disse...

Olha, eu acho esse um assunto delicado, concordo que tem muito EDUCADOR bom sofrendo com a educação, mas também tem muita coisa positiva no sistema e alguns educadores não dão a minima.
A verdade é, no Brasil as coisas tão assim: quando o sistema vai bem, os profissionais deixam a desejar, e vice e versa.
Como digo, não defendo nem partido e nem uma classe de trabalhadores.
Em todos os lugares tem gente querendo fazer dar certo e gente só querendo sair por cima.
Eu espero que os politicos comecem a tentar arrumar a educação e os educadores tenham força, porque a educação é a base de tudo.

Adorei seu cantinho, beijos.

Mila Ferreira disse...

É dificil o seu pedido Jéssica, diante da calamidade que se vive na escola: não desistir?
Sejamos fortes para superar isso, porque, de fato, a educação nunca foi prioridade para os governantes, tanto é que eles mesmos não acreditam na educação do país que mandam seus filhos estudarem no exterior. Revoltanteee....


abraços!

Pamela Moreno Santiago disse...

É revoltante como a educação é vista em algumas escolas. Estou me formando em Letras e sei que passarei pelo que esta mulher está passando. Mas sem fé, coragem, determinação e AMOR pelo que se faz, não é possível mudar nem 1% do que é hoje.